Há mil e
uma lendas sobre a origem, os mestres e os preceitos do tai chi. Renda-se a
esse fascinante universo de fábulas!
Entre a garça e a serpente
A mais tradicional história sobre a
criação do tai chi chuan se passa em um monastério taoísta, na montanha sagrada
de Wudang. Conta-se que o sábio Chang Sang Feng estava meditando, quando foi
interrompido por um barulho que vinha do jardim. Ao abrir a janela, ele se
deparou com uma luta entre uma garça e uma serpente. Durante horas, observou o
embate, em que o pássaro atacava a cobra com dureza, e esta se esquivava dos
golpes com leveza e flexibilidade, aproveitando para contra-atacar nos momentos
de nervosismo do inimigo. Quando a serpente se distraia, era a vez da garça
direcionar sua força para atingi-la. O confronto não teve vencedor, mas o sábio
enxergou ali os princípios do yin e do yang, as energias opostas que regem o
universo. Desse insight, surgiu a inspiração para criar o tai chi, a arte
marcial que equilibra a energia (chi) do praticante por meio do equilíbrio em
movimento de suas forças negativas (yin) e positivas (yang).
Sem vaidade
Logo que começou a frequentar
aulas do mestre Wang Tsing, um discípulo curioso perguntou a ele por que o tai
chi não utiliza o sistema de faixas coloridas que indicam o grau de
aprendizagem do praticante, tão comum nas outras artes marciais. "Qual é o
sentido de andar por aí com um cinturão, expondo a todos o que você
sabe?", questionou Wang. "Um bom guerreiro sabe que a vaidade não
deve estar no topo de suas prioridades".
Treinamento valioso
Certa vez, o guerreiro Ki
Siao-Tzu foi encarregado de adestrar um galo de briga para o rei. Uma semana
depois, o monarca perguntou: ‘Meu galo está pronto para o combate?’. Siao-Tzu
respondeu: "Ainda não, ele é vaidoso e arrogante". Mais uma semana
passou, o rei repetiu a pergunta e ouviu a resposta: "Ainda não, ele reage
a cada sombra ou ruído como se fosse uma provocação pessoal". Um tempo
depois, a questão voltou à tona. "Nada ainda. Ele ainda tem o olhar
irritado e um ar de triunfo", informou Siao-Tzu. Ao fim de três meses,
quando o governante reiterou seu interesse em saber se o galo estava pronto
para a briga, ouviu a seguinte notícia do treinador: "Ele está quase
pronto. Quando os outros galos cantam, isso não o incomoda em nada. Quando se
olha para ele, parece que se vê um galo de madeira. Seu chi é perfeito, ou
seja, sua força interior é perfeita". Quando, finalmente, foi colocado em
uma rinha, os outros galos não ousavam sequer aproximar-se dele.
Vida longa
Chang Sang Feng é, até hoje,
venerado na China. Famílias taoístas transmitem as proezas do sábio de geração
em geração. Há quem acredite que ele recebeu todos os seus ensinamentos em
sonho e, também, quem garanta que ele descobriu o segredo do rejuvenescimento e
viveu mais de 300 anos.
O inventor da prática
Outro mito da origem do tai chi
conta que o inventor da prática – ou, pelo menos, de um de seus principais estilos
– foi um velho general chamado Chen Wangting. Decepcionado com suas tropas
depois de uma derrota no campo de batalha, ele se retirou em uma floresta para
meditar. Lá, observou a flexibilidade dos animais e, comparando-a com a rigidez
dos treinos militares a que estava acostumado, entendeu os principais defeitos
de sua estratégia. Assim, desenvolveu o novo sistema, com posturas e movimentos
inspirados em sua observação da natureza.
Apoio e equilíbrio
Yang Lu
Chan, mestre do estilo Yang, exibiu sua sabedoria a um grupo de lutadores do
templo Shaolin por meio de uma metáfora interessante. Com notável habilidade,
ele apanhou um pardal no ar, colocou-o em sua mão esquerda e o cobriu
suavemente com a mão direita. O pássaro tentava voar, mas era impossível, já
que para isso ele precisaria primeiro ganhar impulso aplicando força sobre uma
base com os pés – e essa base era inexistente, pois Lu Chan abaixava com
delicadeza a mão esquerda a cada nova tentativa do pardal de levantar voo.
Sorrindo, ele explicou aos lutadores: "Sem apoio e equilíbrio, ninguém vai
a lugar algum".
Fonte: http://www.triada.com.br/
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"Em cada movimento o homem sábio
segue o caminho perfeito".
Lao Tsé
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