quinta-feira, 12 de junho de 2014

Criança zen Ioga, tai chi chuan e meditação: a onda oriental chega ao universo infantil







Deborah Kanarek 

Imagine uma criança meditando no quarto em silêncio, superconcentrada. Pense em outra que se movimenta lentamente em exercícios de tai chi chuan. Não, não é impossível. A onda zen, que ganhou popularidade entre os adultos nos últimos anos, vem também conquistando as crianças. Com adaptações, é claro, a ioga, o tai chi chuan e a meditação começam a ser incorporados à rotina de algumas escolas e despontam como opção de atividade em academias das grandes cidades. As aulas para crianças têm menor duração, são recheadas de brincadeiras, descontraídas e um pouco mais barulhentas. Os benefícios, porém, são os mesmos: relaxamento, aumento de concentração e da consciência corporal. 'Vivemos em cidades desumanas, com valores que obrigam as pessoas a ir além dos próprios limites para manter o emprego. Alguns ficam tão tensos, que só desligam diante do mantra da televisão. A busca de terapias alternativas do Oriente é um reflexo do mundo adulto, uma espécie de movimento contrário à corrida de desenvolver as capacidades a qualquer custo. As pessoas estão em busca de novos valores, que tragam qualidade de vida', explica a psicanalista Silvana Rabello, professora da PUC-SP.



Além disso, vamos admitir, os pequenos de hoje vivem correndo. Dividem seu tempo entre escola, natação, balé, música, inglês, futebol, ginástica olímpica, e assim por diante. Estimulados o tempo todo, cada vez mais cedo padecem de sintomas que se alastram feito epidemia: altos níveis de ansiedade e dificuldade para se concentrar. Nas escolas, as técnicas de relaxamento e meditação costumam ser um bom recurso para intercalar atividades que agitam as crianças com outras que demandam concentração. 'Além do bem-estar e da melhora da atenção, é importante o aprendizado que a criança leva para a vida de saber se acalmar e dominar a ansiedade', afirma o coordenador pedagógico da escola Estilo de Aprender, em São Paulo, Marcelo Cunha Bueno. Confira quais são as características de cada uma dessas alternativas


Tai chi chuan
O tai chi é uma arte marcial chinesa, na qual os movimentos são lentos - normalmente inspirados na postura dos animais ou na natureza. 'Em fase de crescimento, as crianças perdem a noção do próprio corpo, mas a prática amplia a consciência corporal e funciona como um antídoto contra o estresse. Os movimentos acalmam o racional e organizam mentalmente as informações, fazendo com que elas tenham uma disponibilidade maior em absorver novas informações', explica Lino Py, que dá aula para crianças no Espaço Nirvana, no Rio de Janeiro. Arthur, 9 anos, é filho de um casal de instrutores de tai chi. Neide Maria Silva, 39 anos, a mãe, explica que a riqueza do aprendizado vem também das parábolas, que transmitem ensinamentos milenares, aliadas ao trabalho corporal. 'Corpo e mente são uma coisa só. Se a cabeça não estiver boa, isso vai refletir-se no corpo e vice-versa', afirma ela. Um exemplo das lições que as crianças aprendem no método adaptado pela Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan ocorre quando se conta a lenda da mangueira, uma árvore grande e forte, que zomba do bambu, pequeno e franzino. 'Nas aulas, as crianças escutam a história, incorporam a rigidez da mangueira, depois os movimentos do bambu, que balança ao sabor do vento. Enfim, o professor narra a chegada de uma forte tempestade e as crianças vivenciam o que acontece com cada uma das árvores. Descobrem que a mangueira, apesar de se vangloriar de seu porte, é dura, não resiste e quebra. E que o bambu, flexível, enfrenta a tormenta ileso', descreve Neide. Como há esse lado lúdico, o tai chi acaba agradando aos pequenos.



Meditação
Meditar estimula a memória, a concentração, a criatividade e até o rendimento escolar. Estudo realizado na Universidade da Geórgia (EUA), em 2003, acompanhou 156 adolescentes com pressão alta, que praticaram meditação transcendental por quatro meses, duas vezes por dia, e constatou uma queda de 3 a 4 pontos nas medições. O grupo de não-praticantes manteve a pressão estável. A professora de canto Lila Shakti, que trabalha para uma organização não-governamental, sobe todas as semanas o violento Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, para ensinar jovens carentes de 7 a 14 anos a entoar mantras. 'A repetição das palavras deixa a mente mais calma e permite encarar com mais tranqüilidade o dia-a-dia', afirma Lila, que também dá aulas particulares. Os benefícios passam pelos ensinamentos mais básicos, como a respiração. De fato, você já reparou quanto a respiração correta faz diferença na qualidade de vida? Coincidência ou não, diz-se dos artistas que criaram obras geniais que eles estavam inspirados. E uma boa forma de relaxar é inspirar profundamente até que a barriga se projete para fora, como nascem sabendo fazer os bebês. Depois, infelizmente, eles desaprendem se não forem ensinados a prestar atenção nesse vaivém. 'Quando estamos ansiosos, a respiração fica curta, o que costuma dar uma sensação de cansaço e fazer com que os ombros fiquem tensos', diz Neide.

Só que... calma lá! Não adianta incluir mais uma atividade na já abarrotada agenda do seu filho achando que, se ele sair da natação para o inglês e fizer no caminho uma sessão de ioga, vai dar conta de tudo sem estresse. 'É preciso selecionar, levando em conta que tempo livre para brincar também relaxa', observa a psicóloga Luciana Blumenthal, do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento (CAD). E, se for impossível conciliar tudo na agenda, não se estresse. Lembre-se de que essa pode ser uma oportunidade para você aprender mais sobre essas artes. Afinal nunca é tarde para começar. E mãe tranqüila deixa o ambiente mais calmo. Que tal umas aulas de ioga? Ou simplesmente encher a banheira com água morna e fazer um ofurô caseiro seguido de uma massagem! Tudo bem zen...

Ioga desde bebês
Das filosofias orientais que chegaram ao mundo da criança, a ioga talvez seja hoje em dia a mais popular entre elas. A prática indiana já invadiu salas de educação infantil e escolas de inglês, como o Colégio Andrews (RJ) e a Red Brick, para tranqüilizar as crianças. Em academias especializadas como o Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda (Ciyma) e centros de estimulação infantil como o Gymboree, há cursos específicos para crianças, além da baby yoga, freqüentada por mães e filhos até 1 ano. 'Além de exercitar a musculatura do abdômen da mãe, tranqüiliza a criança', diz a fundadora do Ciyma, Marcia de Luca. Nos cursos para crianças, de uma forma lúdica e criativa, a criança brinca de cobra, ruge como leão, posa como guerreiro e alia imaginação ao movimento. A idéia é exercitar-se, além de trabalhar a concentração e a coordenação. O objetivo é despertar o interesse e a curiosidade da criança em relação ao próprio corpo e às suas emoções.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/



   Taichirajá 

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Lao Tsé

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